Saturday, March 17, 2007

Há Vidas Que Não São Vidas

Uso de procedimentos que permitem proporcionar, sem sofrimento,a morte a um ser humano que a deseja – ou que se supõe desejá-la – tão doloroso é o seu estado”. Esta é a definição de eutanásia no Dicionário Médico.

A morte e aperda foram desde sempre assuntos controversos, acontecimentos que, embora inevitáveis, são difíceis de aceitar. No entanto, mais difícil ainda é, a meu ver, a doença. Esta é algo que muitas vezes reduz o ser humanoa pouco mais de uma presença. Tudo o que um dia nos caracterizou – as nossas experiências, a nossa independência nas acções mais básicas, a nossa capacidade de comunicar – podem passar a ser apenas uma lembrança na memória dos outros. Será errado proporcionar a morte a alguém que já não tem motivos para viver?

A moral natural é a base da condenação generalizada da eutanásia, condenação esta ampliada pela moral com fundamento religioso. Um homem matar outro homem homem, sejam quais forem as circunstâncias ou os motivos porque o faz, é um abuso em relação à ordem natural. Mas não teremos nós a liberdade para pôr fim à nossa própria vida? Para os católicos, a recusa da eutanásia é uma evidência: se foi Deus quem nos deu a vida, Ele é o único que no-la pode tirar. E, por isso, devemos suportar tudo, mesmo o insuportável até ao nosso último suspiro? Prefiro acreditar que não.

Quando as tentativas de aliviar a dor de um doente em fase terminal são ineficazes ou quando ele é evitado pelos outros, abandonado numa cama de hospital ou instituição social, é errado acabar com um sofrimento que parece não ter fim? Há quem defenda que a aceitação da eutanásia levaria à quebra da confiança que o doente tem no médico. Uma sociedade que despenaliza a eutanásia arrisca-se a provocar uma enorme insegurança nos cidadãos face à actividade das equipas da saúde. Eu, pessoalmente, temo ainda mais a distanásia, ou seja, o prolongamente irracional e inútil da vida; fazer mais, para além do que é necessário, quando não há viabilidade nehuma. É difícil deixar alguém partir, a morte é, às vezes, aceite com mais facilidade pelos próprios doentes do que pelos familiares…

A alternativa médiaca e social para os casos extremos é a medicina paliativa de alta qualidade, no domicílio ou em instituições de carácter residencial. Mas e os meios? E os recursos humanos? Quem vai cuidar de quem já não quer estar cá? Nem todo o doente em fase treminal tem uma família que o acolha de braços abertos e ainda menos são aqueles que têm os recursos monetários para usufruir dos cuidados paliativos.

A realidade é que há vidas que não são vidas e das duas uma: ou o Estado e as organizações de solidariedade investem nos cuidados paliativos para que estes estejam ao alcance de qualquer um ou permite-se que o direito à autonomia do doente seja levado ao extremo, já que ele foi privado de tantos outros pela doença. O que é inconcebível no século XXI é alguém sofrer mais do que se pode imaginar porque tem de esperar pela alta celestial.

Feliz Aniversário

Atrasadinha, como sempre, mas sem falta.

O Relatos e Confidências completou ontem um ano de existência.

Um obrigado muito grande a todos os que o visitam e comentam e venha daí mais um ano a oferecer os melhores bolinhos que os sonhos têm para dar.




"525,600 minutes, 525,000 moments so dear.
525,600 minutes - how do you measure, measure a year?
In daylights, in sunsets, in midnights, in cups of coffee.
In inches, in miles, in laughter, in strife.
In 525,600 minutes - how do you measure a year in the life?
How about love?
How about love?
How about love?
Measure in love. Seasons of love.
525,600 minutes! 525,000 journeys to plan.
525,600 minutes - how can you measure the life of a woman or man?
In truths that she learned, or in times that he cried.
In bridges he burned, or the way that she died.
It’s time now to sing out,
though the story never ends
let's celebrate
remember a year in the life of friends.
Rememberthe love!
Measure in love.
Seasons of love!
Seasons of love."
Rent Soudtrack (Seasons of Love)