Wednesday, March 29, 2006

Miguel


Este “post” é dedicado ao meu sobrinho Miguel porque há pouco finalizei a leitura do blog dele, o que me deixou com um misto de orgulho e tristeza. Um orgulho enorme porque ele é meu sobrinho, apesar de ter sido um feliz acaso, pois nem ele nem eu tivemos nada a ver com isso directamente. E uma tristeza irritada pelas nossas bolhas Actimel. Aquelas que não nos deixam oferecer tudo o que somos aos outros, aquelas que nos protegem de coisas que nunca nos iriam magoar. Que nos fazem perder grandes momentos que poderíamos ter partilhado ao entrar na vida dos outros.
E por isso tenho uma tristeza leve, levezinha, vá! Porque não te conheço como gostava Miguel. Nem a ti nem a tanta outra gente que faz parte da minha vida mas em quantidades subtis.
Este poema é para ti, já que aprendeste a gostar de poesia. É do Nandinho, um senhor carrancudo mas genial. Por ser o meu poema favorito de todos os que por mim já passaram...


O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
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(O blogger é levado da breca... Vejam lá vós que eu que até já tinha este post há uns tempos tive de o reeditar numa data que até não me dava jeito nenhum porque aqui o chefe entendeu que me devia mandar isto para o beleléu! Está a gozar comigo com certeza... mau mau maria!)

Thursday, March 23, 2006

Para o Meu Avô


Talvez amanhã tenha mais palavras... Por hoje, terei de fazer minhas as palavras de outro que com um dos meus poemas mais queridos conseguiu exprimir o que hoje não consigo...

Funeral Blues


"Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good."

by W. H. Auden

Porque continuo a gostar muito de ti...estejas onde estiveres.

P.S. – Dá um beijo meu à avó. Obrigado aos dois por terem ajudado a construir o que sou hoje.

Tatiana

Associações Fascinantes



Depois de dois dedos de treta com umas amigas, recordei como são fascinantes as associações que o ser humano faz entre momentos da vida, imagens e cheiros... Todos vamos buscar uma memória àquela gavetinha, escondida lá no sótão das ideias, ao vermos uma imagem que nos remeta a uma certa época.
Por exemplo, sempre que vejo o emblema do Boavista vem-me à lembradura a fronha do meu pai, tão simplesmente porque para além dele trabalhar no banco que patrocina o clube, foi com ele que me sentei na bancada a assistir ao primeiro jogo de futebol ao vivo de toda a minha vida. Xiiiiiii aos anos!! Foi numa bela noite chuvosa no Estádio do Beça. Boavista vs Sta Clara! Engraçado é que não faço ideia quem ganhou, talvez porque nenhum de nós é do Boavista. É apenas uma associação simples e instantânea.
A minha amiga Ni, quando comes couves, sente o “bafiento” aroma das casas que a profissão a obriga a visitar.
Já a Li, não suporta aquele toque característico do despertador do telemóvel única e simplesmente porque lhe lembra os primeiros e dolorosos dias de estágio.
Seremos nós os únicos que na nossa complexidade transformamos tais particularidades em coisas fascinantes? Não.
O Scott, um cão que me é muito querido, tende a colocar o rabo entre as pernas (literalmente) e a entrar em tudo o que é porta aberta cada vez que o levam a passear pela rua do veterinário e arredores. E ele que tem a mania que é uma autentica fera!

Cá para mim gostamos de associar cheiros e imagens como um mecanismo de não esquecimento, uma espécie de contrário da teoria do inconsciente de Freud. Mesmo que as nossas recordações sejam negativas, tristes ou dolorosas não queremos que elas desapareçam. Como me disse a minha mana pai há 7 anos atrás, mesmo as más experiências são boas porque nos ajudam a crescer.
Queremos as recordações vivas em nós por uma eternidade, se tal for possível. Talvez para evitar cometer os mesmos erros, talvez para sentirmos de novo o alívio e o orgulho de saber que já passámos por algumas torturas, que fomos capazes de ultrapassar certos obstáculos. Talvez porque queremos manter a chama de uma relação acesa, recordando de tempos em tempos a razão pela qual nos apaixonámos por alguém.
Ou exclusivamente porque não queremos deixar morrer a memória de quem já partiu...

Deixo aqui algumas das minhas fascinantes associações para arrancar sorrisos, quiçá lembranças a todos vocês que me conhecem.

Amarelo e branco – Enfermagem
Porcos/porcas/leitões – Minha família de estágio (tu tb, Bruninho)
Grafities - Big Johny
Moledo – Kika
Golfinhos – Borboleta
O traje académico (e tudo o que a praxe tem de bom) – Pedro, o meu padrinho
Lisboa – Jo e Nês
Chocolate – Ana, a minha mana
FCP – Marlisa
Crepes, queques do Nosso Lar – Mafa
Abraços – Júlio
Portimão - chatices
Sonhos – Sabaine Marai
Francesinhas (late night) – Tiago, o meu mano
Blogs – Sr. Engenheiro

E tantas outras...
tantas...
tantas...

Monday, March 20, 2006

Parecem Putos!!


Já pensaram donde vem a expressão “parecem putos!”? É triste pensar que foi preciso chegar aos vinte anos e usá-la vezes sem conta para perceber que realmente é estúpida como o camandro. Sim… a expressão é extremamente parva. Tenho dito.
Lamento se acabei de destruir um desbloqueador de conversa bastante eficaz. Eu mesma continuo a utilizá-la em situações de emergência quando não faço a mínima ideia do que dizer e já estou a perder a paciência, apesar de já ter constatado a estupidez da coisa.
Passo a explicar. Para começar, devido à quantidade incomensurável de vezes que a utilizamos em relação a adultos ela nunca poderia fazer sentido. Se não pensem, quantas vezes é que já disseram isso aos vossos irmãos mais velhos, aos vossos pais, dos vossos profes (acredito que não são doidos para lhes dizerem na cara), dos vossos amigos, quiçá aos vossos avós?
Para continuar, tirando a diferença do tamanho, da responsabilidade e do grau de felicidade não somos muito diferentes dos putos. (Note-se que os dois primeiros factores aumentam ao longo da vida enquanto o último diminui). Já nem falo da ingenuidade porque parece que os miúdos hoje em dia já nascem sabidolas.
Um adolescente passa todas aquelas crises típicas da idade com a esperança de um dia, quando for grande não fazer metade daquela parvoeira. Chega aos 20 e não faz as mesmas palermices, faz outras ainda mais parvas. Chega aos 30 e grita pelo baterista charmoso a plenos pulmões, como se não houvesse amanhã, num concerto do Sérgio Godinho. Chega aos 40 e chateia-se com os amigos por causa de um jogo de futebol! Chega aos 50 e passa metade do dia a dizer mal da vizinha que é isto e aquilo. Passa os 60 em figurinhas tristes na brincadeira com os netos. Aos 70 todo o santo dia reclama com o marido que nunca se lembra onde pôs os comprimidos para o Alzheimer. Aos 80, se um gajo tiver sorte já não anda por cá.
Mas quando é que nós vamos aprender que nunca vamos crescer? Quando estava na primária pensava que os miúdos da preparatória é que eram fixes e trabalhadores… quando cheguei ao nono pensava que o people do secundário é que era responsável. Quando estava no secundário pensava que a malta da faculdade é que sabia das coisas, tinha uma vida tótil puxada e por isso não fazia metade da merda que se faz no secundário. Cheguei ao ensino superior e mal cruzei o portão disse cá para mim: “Parecem Putos!”.

É por isso que eu digo… não parecemos putos, somos eternos putos e toda a vida faremos coisas de putos, se Deus quiser até morrer. Está-nos no sangue e é uma das melhores coisas da vida porque se assim não fosse ela não valia puto!

Letras, Palavras e Expressões

Caramba… Parece que custou a arrancar. Que querem que vos diga? Gosto muito do meu primeiro post e não queria colocar mais nenhum em cima, ora!
Na realidade vontade de escrever não me falta mas por alguma razão que me ultrapassa daí a consumar o facto vai outro tanto.

Hoje quero falar-vos de letras e palavras! Acabei de ler alguns textos do meu amigo, o Sr. Engenheiro (não se ponham no Google à procura dele porque só eu é que sou suficientemente parva para o tratar por Sr. Engenheiro), que me inspiraram profundamente a escrever sobre este assunto que como é óbvio não tem interesse nenhum. Isto devido ao facto deste meu amigo ter, digamos que uma panca com certas palavras. Digo aos quatro ventos e para quem me quiser ouvir ou ler que ele escreve enes de bem (caso contrario não me dava ao trabalho de ler os teus textos, quanto mais comentá-los) mas é verdade que ele usa e abusa de certas palavras. Ah Maluko! Tais como: lágrimas, sorriso, lábios e beijos. Daí que isto me tenha levado a desenvolver uma teoria muito simples, que para mais a minha cabecinha não dá.
Cá vai ela: Todos nós temos uma letra favorita e palavras ou expressões que nos caracterizam e que gostamos de utilizar mais vezes do que o que deveria ser permitido por lei. Se por exemplo, para pessoas como Pimpinha Jardim (personagem que muito gozo me dá dizer mal) a letra favorita será provavelmente o C de chique, cheque, celebridade, cabeça oca e afins (se bem que afins é com A) para outras como os meus pais será por exemplo a letra T porque é a inicial dos nomes dos filhos… ou não.
Não precisei de rebuscar muito nos meus ficheiros mentais para chegar à conclusão que a minha letra favorita é provavelmente o B, ou não fossem 3 das minhas palavras favoritas começadas por essa bela letra. São estas: Besta, Basqueiro e Bafiento. Não há nada mais querido que chamar besta a alguém. Vejam o caso dos Doutores em praxe. Passam a vida a chamar besta ao caloiro e é de senso comum que não há nada que o Doutor goste mais do que dos seus caloiros! Outro exemplo. Ainda no outro dia a Kikíssima se virou para a Borboleta (isto são duas amiga minhas, não estamos a falar de nenhuma fábula, mais uma vez só eu é que sou suficientemente parva para as tratar por tais alcunhas) e disse carinhosamente: “Óh minha besta anda-te embora que eu não tenho o dia todo!” Achei fofo. Anda-te embora também é uma expressão parva sobre a qual poderei dissertar num próximo post, quiçá!
No entanto, desaconselho vivamente o seu uso se não utilizado em situação de praxe ou dirigido a um amigo de longa data, pois podereis apanhar porrada. Tenho dito.
Basqueiro e Bafiento gosto sem saber explicar porquê.
A minha expressão característica é: “’Tá tudo bêbado???” Bastante estúpida bem sei mas mais estúpido ainda são as gargalhadas que desperta… outro mistério do universo.
Como podeis constatar, não menti. Este assunto não tem mesmo interesse nenhum. Mesmo assim sejam doidos e aceitem o meu desafio de me dizer qual a vossa letra favorita e expressão característica!
E agora deixo-vos com a minha palavra favorita que para confirmar a minha tese, obviamente começa por B: Quimera.

Fiquem bem… se estiverem para aí virados.

Thursday, March 16, 2006

Que vem a ser isto?


Caros bloguistas que viesteis aqui parar por um erro do sistema, com certeza,
De hoje em diante e daqui para a frente (passo a redundância, para dar ênfase à coisa) passarei a escrever aqui aquilo que me der na mona e bem me apetecer (passo agora a redundância da redundância para dar ainda mais ênfase à mesma coisa).
Espero ter cabecinha para escrever muita alarvice, que já é meu costume, para intercalar com algum (mas em quantidades bastante reduzidas) material de qualidade.
Ide batendo à porta de vez em quando para ver se a minha casa está diferente. Podereis ser benvindos dependendo do meu humor... arrisquem!
E agora despeço-me que embora não pareça, a minha vida não é isto...
Tenho dir dormir porque como diz o outro "A tua vida depende dos teus sonhos!".