Wednesday, April 19, 2006

Cenas da vida privada


Não há pessoa mais caricata neste mundo do que o meu pai. Tenho dito.
Como a toda a gente, também a ele acontecem acidentes. Coisas domésticas, irritantes e demasiado frequentes para qualquer mortal. Como sujar uma gravata ou uma camisa enquanto cozinhamos ou comemos, perder chaves, entornar uma bebida refrescante num documento que por acaso até era de extrema importância, estragar algo que era suposto consertar...este género de coisas.
Mas quando isto acontece ao meu pai... bem... a modos que é coisa do Demo! E acabou-se o sossego.
Filas de trânsito? A culpa é dele. Lojas fechadas que supostamente deveriam estar abertas? A culpa é dele. Não existor lugar para estacionar? A culpa é dele... E por aí fora. De modo que não só tudo lhe acontece, como também acontece o mais grave.

Ontem, estavamos nós a jantar e a camisa dele... sujou-se.

Eu no tom mais irónico possível: Oh pá! E logo essa que era a tua melhor camisa!
O meu pai no tom mais sério e completamente convencido daquilo que estava a dizer, que possam imaginar: Pois era! Tens razão.

Sinceramente...

Eu dizia-vos onde enfiar esse cigarro...



Porra, que hoje devo ter fumado, no mínimo, 10 cigarros!
Quando é que o governo vai aprovar a lei que proíbe fumar em todo e qualquer sítio fechado? Pensando melhor, era bonito uma lei que proibisse fumar em todo e qualquer sítio, ponto! É o meu O2 que esta gente está a queimar! Se eu tiver cancro pulmonar ou uma qualquer doença coronária no futuro não me espanto. Ainda diz a minha mãe que tenho de sair de casa para apanhar sol! Apanho é fumo nas ventas! E nem sequer sou fumadora! Se calhar a solução é mesmo começar a fumar, ao menos, quando me for diagnosticada a minha (hipotética) neoplasia, poderei dizer que a mereci... já é algum consolo. Não há nada mais triste do que morrer depois de levar uma vida saudável desprovida de vícios...
Até há uns tempos ainda incitava o hábito tabagístico, afinal era à custa das vossas doenças que pretendia arranjar emprego. Agora já não me sois úteis, por isso, estou-me nas tintas para todos vós!
Porra! É que juro que hoje devo ter fumado, pelo menos, 10 cigarros passivamente!


A todos os fumadores, meus amigos ou não: ARRANGEM OUTRO TIQUE! Sei lá... pastilhas elásticas... podeis acabar com uma úlcera mas tendes sempre o Omeprazol e eu já não tenho nada a ver com isso...



*E não, não vou mudar de lugar ou estabelecimento, prefiro queixar-me. Ah, e “Quem 'tiver mal que se mude” é uma merda duma expressão que eu deixei de usar na 4a classe, e já foi tarde...

Tuesday, April 18, 2006

=== Qualquer Coisa ===


Este post é para todos aqueles que não têm tempo para visitar "outros segredos", para todos aqueles que não sabem que vale a pena visitar "outros segredos" e ainda para todos aqueles que nem sequer sabem o que são os "outros segredos".
Principalmente este post é para mim, porque gostei mesmo do que li!

"Tão perto... e cada vez mais longe...

Porque será que sinto a doce neblina dos teus olhos a sufocar-me?
Determinação rochosa desta qualquer coisa que sinto por ti...
Que quanto mais afasto, mais consome
e sobrepõe-se
e afoga-me em fascínio...


E as palavras chovem na minha mente, tecendo a sua teia
Feita de seda e de qualquer coisa que não sou

Para quem vão estes desejos sem sentido, sem dono e sem razão?
E porquê a muralha de neve? Sabe tão bem...
Respiro e definho... Há qualquer coisa que eu não tenho...

Sozinha neste escuro líquido
Confusa com qualquer coisa que faça...

Não sei o que és... "


J.G.
Aquele abraço...

Monday, April 17, 2006

Mas quem é que escreve isto?



Sei bem que Abril já vai a meio mas nunca é tarde para reparar nestas coisas. Para todos os que não sabem, existe uma revista que no interior contém outra revista que é nada mais nada menos que um guia Funtastic Life da Tv Cabo. Ou seja, tem a programação de todos os canais da cabo (suponho eu que sejam todos, não estive a contá-los) durante o mês. O nome da revista “de fora” confesso que não sei. Já é uma coisa comprovada cientificamente – cá em casa perde-se quase tudo, ao que essa revista não foi excepção. A de dentro tem o nome óbvio e nada original de Funtastic Guia Tv Cabo. Isto foi só para vos contextualizar, dado que a minha questão é baste simples:
Mas quem é que escreve as notas de cabeçalho da dita cuja???
A modos que no cabeçalho de todas as duas páginas tem uma frase que faz publicidade (se bem que algumas não podem propriamente ser chamadas de publicidade) a uma série/programa de um dos canais, dizendo qual é a série/programa, o horário em que passa e indicando o respectivo canal. A parte gira da coisa é que a criatura que as escreve lá entendeu que tinha de pôr um pouco de si em cada comentário. Não há forma do vos explicar, é coisa que tendes de ler mesmo...
Cá estão algumas frases da edição de Abril:

Vénus e Apólo - Para quem não aguenta com o que está a dar a esta hora no canal Íntimo. (FoxLife – 23h50 Sab.1)

Top of the Pops – O avô dos programas de música ingleses. Já tem colesterol elevado. (BBC Prime)

James Brown Last Dance – O bisavô da soul music, que gosta de treinar boxe em mulheres. (VH1)

Sopranos – Tony é o maior e era o único capaz de pôr Portugal na ordem. (Hollywood)

Surf Sirens – Quando os homens aspiram a ser o bikini delas. (Extreme Sports Channel)

Liga dos Últimos – Não mostrem as reportagens destes bimbonautas à Comissão Europeia. (RTP N)

Mar Portuguez – Programa que faz mais serviço público do que todas as emissões da RTP. (SIC Notícias)

Vídeo PT – O momento da peregrinação a Meca, versão desportos radicais, made in Portugal. (Extreme Sports Channel)

The L Word – Mulheres a mostrar amor umas pelas outras. E são escaldantes. (FOXLife)

60 minutos – Quando chegar a monarquia, D. Duarte abdica para Mário Crespo. (SIC Notícias)

Prazer do Diabos – E se Bin Laden usasse este programa para treinar armas nucleares? (SIC Comédia)

Angel – Não podiam ir para a cama, se não transformavam- se num vampiro mau. (FOX)

Segundos Fatais – SE só demorou dez segundos e já acabou, ela reclama. Com razão. (National Gegraphic)

The O.C. – O Beverly Hills 90210 do Século 21, mas em que elas estão mais apetitosas. (FOX)

A Vila – O melhor filme do autor de Sexto Sentido que tem um nome impronunciável (Lusomundo Premium)

O Diário da Nossa Paixão – Elas preparam os Kleenex e eles fogem para um clube de strip. (Lusomundo Premium)

Mundo Desportivo – Recorde o Boavista-Benfica de há 20 anos. da ONU (SIC Mulher)

Ally McBeal – Ela é anorética, não tem graça nenhuma, mas há quem adore. (FOXLife)

A Vingadora – Ela é escaldante. Sobretudo quando está vestida de cabedal ou de baby sitter (AXN)

Digimon – Um copy paste dos Pokemon, mas sem o Pikachu (Canal Panda)

Trabalhos Perigosos – Por exemplo: dentista de orcas ou controlador da pureza de cocaína. (National Gegraphic)

Lingerie – Melhor do que isto, só se fosse sem lingerie e estivessem em minha casa. (Fashiontv)

O Santo – Roger Moore antes de ser 007. Depois comprou um quinta em Sintra (RTP Memória)

Bonanza – Momento dedicado a todos os que nasceram no século 3 antes de Cristo. (RTP Memória)

CSI Miami – A série que todos vêem e adoram. Com mortos e mulheres. Sem roupa. (AXN)

Powerpuff Girls – Se as Spice Girls voassem e tivessem poderes seriam assim. (Cartoon Network)

Dirty Sanchez – Quem tiver filhos como esta gente, corte-lhes os órgãos e venda-os à máfia. (MTV)”




Pensei em fazer comentários a cada uma das frases, tanto que gosto muito de algumas series e coisas que tal que esta criatura com certeza nunca viu. Tal como o Angel, que pode ir para cama à vontade, fazer sexo é que é pior. E isso era na Buffy, no Angel a história é diferente. Ele é pai! E ‘tá bom! Oh se está! (mas isso são outros assuntos).
Isto para dizer que comentários para quê? Estas frases comentam-se a si mesmas...

Agora tenho a certeza que o público não vai mesmo perder estas séries! Estes filmes vão ter mais audiências que eu sei lá! E o povo vai especar no sofá à espera da hora daquele programa. Isto sim, é publicidade da melhor, não haja dúvidas.

Fogo... ele há gajos com um talento!!!...

*Gostaria de informar que nenhuma das frases foi adulterada por mim. É mesmo assim.

Thursday, April 13, 2006

Fartinha de todo!

Gosto muito de muita coisa, já se sabe. Detesto em quantidades industriais muitas outras. De vez em quando e de quando em vez (cá está outra expressão bastante parva de que gosto muito) farto-me de certas coisas devido a determinadas situações.
Não vou explicar ao que alguns vão perceber, mas fiquem com quatro coisas de que não posso sequer ouvir falar nos próximo... sei lá... assim na loucura... 15 anos anos!!
  1. Velas/Cera
  2. Escuteiros
  3. Putos de bonezinhos coloridos de mãos dadas em passeios emocionantes
  4. Escadas/escadarias/escadinhas

Tenho dito.

Sunday, April 09, 2006

Já só faltava esta


Como já sei que estáveis a estranhar a falta de palavrões aqui pelo meio faço-vos a vontade... mas só um bocadinho que isto é um blog de família!
Como é obvio esta dica é dedicada a uma “dama” ex-especial.

“Abraços e beijinhos;
palavras meigas e carinhos;
fizeste tanto que deixaste-me apaixonado;
agora sinto-me revoltado;
porque detesto pessoas falsas;
como tu que roubas calças;
e corações;
mas o feitiço vira-se contra o feiticeiro mesmo dentro dos caldeirões;
...
pensavas que me conseguias calar;
agora estou de volta mais forte do que um tanque a disparar;
cheio de raiva contra ti que brincaste;
e gozaste;
Nem apareças à minha frente;
Não tens categoria de gente;
Nem de animal irracional
Desculpa mas estavas melhor a arder no inferno
Ou então no castigo interno
A pagar pelas tuas atitudes;
nem digas a ninguém que tens virtudes;
não mintas e pecado;
e o BOSS lá de cima preocupado;
com o resto do mundo;
não com uma merda como tu que está enterrada lá no fundo;”
MC Delta

Mais um bocadinho

Mais uma vez... Dou-vos MC Delta

*Dica dedicada a uma “dama” especial. (dele obviamente)

"Começamos a falar;
Prometi-te uma dica e cá estou a improvisar;
..
Numa certa noite puxei conversa contigo enquanto imaginava uma canção;
Falámos tanto que provocaste em mim uma fonte de inspiração;
Agora debito-a para o papel ;
Como a abelha procura desesperadamente o mel;
Tudo o que ficar aqui escrito;
Não tem nada de esquisito;
É a pura expressão verbal
Proveniente do ego espiritual;
Deixa-me conhecer-te por dentro;
E vem comigo até ao centro;
Vamos passear;
Vamos falar;
Pois até hoje nunca vi uma dama com o perfil como o teu;
Nunca pensei que fosse tão parecido com o meu;
Tasse bem até fiquei agradado;
Nunca pensei que uma dama tão gira como tu curtisse um sócio desenterrado;
Mas nem tudo é negativo;
Mika bem porque eu até sou um sócio muito positivo;
Sou sincero;
Espero;
Que assim também o sejas;
...
Dá valor ao valor e o valor se aumenta;
Sê original e faz cenas que ninguém tenta;
Continua como estás psicologicamente;
És altamente;
És correcta;
És esperta;
Por isso é que estou a conseguir improvisar;
Mas também não vamos stressar;
Vamos antes sair;
Curtir e divertir;
Deitar-nos na cama e relaxar;
Fechar os olhos e descansar;
Para quando acordar;
Pegar no caderno e começar a improvisar;
Depois de ter vivido um sonho há que o registar;
... Depois desta noite vou pensar;
Se vou ou não arriscar;
...
Ao ver a tua cara;
O meu mundo pára;
Fico parado a apreciar;
...aquilo que é bom é para comentar;
A maneira dos teus olhos a olharem;
O que e preciso fazer para eles me desejarem;
...
som dedicado a alguém especial;
alguém que tem um mental;
que eu já procurava há muito;
despeço-me ass: Puto ;”


*Esta dica é um diálogo entre um casal, em que ambos fazem destas coisas...vá!

“Pode-se tentar...mas nada irá mudar...
ok vamos lá improvisar;
há bué que a gente já não tinha nada para falar;
até podíamos ter...mas não nos conseguia-mos ver!!
tens andado um bocado desaparecido...mas de ti não me tinha esquecido...
querer é poder;
nada melhor que experimentar;
para poder falar;
o pior é querer e não ter...mas o que importa é continuar a sobreviver
numa vida em que toda a gente anda sempre em movimento...a melhor conversa rola no nosso pensamento!!
ou então;
quando encontramos algo que acalma o nosso coração;
a mim é o mar;
e a ti professorar de rimar;
não vale a pena tentar;
quando não nos estão a ligar;
pena minha, pena de todos;
será que estão todos a ficar loucos;
isso vai-se complicando aos poucos!!
quando o melhor que há nesta vida é a insanidade...não temos nada que se possa definir como necessidade
o importante é continuar a viver...e as pessoas importantes nunca esquecer!!

Fazes-me muito bem enquanto me aturas, Não gosto quando me tratas com censura,
Adoro a tua doçura, Nunca a irei experimentar,
Não custa nada tentar, Quando é que vais mudar,
Não tens de me suportar, Mas se sou para ti o que me dizes,
De mim tudo recebes, Não tenho expectativas de curtir,
Não te quero afligir, Mas algumas barras custam a engolir,
A ti te adoro terei de admitir, Não penses o contrário,
É o que estou a sentir,
Tu por mim sentes o oposto, Não fui criado a teu gosto, Não é nenhum desgosto,
O que dizes e o que fazes são coisas contraditórias, Não tenho culpa de algumas situações serem impróprias,
Hostil não és, nem nociva, talvez prejudicial, Quando parece que estou perante um processo judicial,
tasse bem...se não tenho gosto curto bué rimar ...fico com a mente mais aliviada, não ando atrofiado, mas gostava de pela minha deusa ser amado.”

Hip Hop no MSN


Há algo de muito curioso no fenómeno do Messenger. Não só porque é um grande entretenimento para quando não temos nada que fazer, como também nos proporciona encontros virtuais inesperadíssimos...
Eu não percebo muito de hip hop... que é que eu estou práqui a dizer? Eu não percebo rigorosamente nada de hip hop! Para dizer a verdade qualquer pessoa que consegue rimar em condições para mim é um espanto, dado que a minha melhor rima rezava assim: “Gosto de Iced Tea / Gosto de ti!”. Como podem confirmar é bastante má.
De qualquer forma isto para vos dizer que um desses encontros inesperados, com criaturas que nunca vimos na vida e provavelmente nunca iremos conhecer, se proporcionou há pouco mais de um ano no belo do MSN. Essa personagem, oriunda de Leiria e que gosta de andar de mota no pinhal (seja lá o que for que isso quer dizer) tem um certo jeito nato para o hip hop. Não somos amigos e nunca nos vimos mas confesso que já passei bons momentos na sua “companhia”, daí que nada melhor para agradecer essas conversas do que fazer uns “posts” de dicas da sua autoria.
Convosco... MC Delta:

“THE BATLE...
O prazer puro
...
Vamos lá improvisar;
Será que tens andamento para te aguentar;
Agarra no mike e podes começar a cuspir;
Estou atrás da mesa de mistura a subir;
O nosso som;
Que é considerado por muitos como um dom;
..
Vou tentar improvisar;
sou novo nisto mas há que aguentar;
Sou lento mas também ‘tou a aprender;
Já mixas ao tempo e eu ‘tou só a aquecer;
Espero não ficar mal, sou novato nisto;
Mas pode ser que contigo possa mudar isto;
...
Entra no underground ;
E espalha o nosso sound;
Queres conhecer o movimento;
Dá-te a esse talento;
Provoca uma situação;
Fabrica o teu som por dedicação;
Não por guito ou fama;
Pois isso para mim morre na campa;
...
se queres ser conhecido pelo teu talento;
faz por isso e dá-lhe com movimento;
não leves a mal;
isto não é nada pessoal;
o people não curte gente que se arma;
que só quer ter o nome por fama;
por isso dá-lhe com fé;
e mostra aí ao people como é que é
...
é mesmo assim, é mesmo assim;
rimar até ao fim;
o people improvisou;
e o parlamente calou;
sem pestanejar, para poder "remar";
Neste barco do hip hop que é sempre a bombar;
...
obrigado pela colaboração;
curti rimar por uma boa sensação;...”

Sunday, April 02, 2006

Andar de autocarro é que está a dar…


Desde que o metro começou a funcionar que a minha vida mudou. Muito mais cómodo, mais rápido, passa com mais frequência, sabemos quantos minutos vai demorar a passar e não apanha trânsito o que só por si chegava! Como me sentia feliz ao ouvir a doce voz da senhora, que não sabe que o plural de bus é buses, a informar-nos: Estimado cliente, o próximo veículo terá como destino o Estádio do Dragão e chegará dentro de breves momentos ao cais… 1! (Gostava tanto do suspense que ela fazia antes do número) Agora mudaram a lengalenga… Não gosto.
Já há uns tempos que venho a notar que os portuenses descobriram o metro, como se do telemóvel se tratasse. O que dantes ficava tipo lata de sardinha quando havia jogos no Dragão, agora fica em conserva em todas as horas. Em contrapartida os autocarros que fazem mais ou menos os mesmos trajectos do metro andam às moscas! E depois claro que fecham certas linhas. Ora não acho bem! Por isso quero aqui apelar-vos: Usem os autocarros! Eles é que são nossos amigos! Já cá andavam antes dessa modernice que é o metro! Agora que apelei ao vosso coração fico com a certeza que viajarei muito mais à larga nessa modernice, que nem se digna a entrar no trânsito do Porto, que bergonha!

Posto isto, quero contar-vos um episódio da minha vida digno de uma novela da TVI.
Precisei de ir ao Candal no outro dia e como o metro não vai por esses lados lá me dirigi à Praça da Galiza para apanhar o 93. Para não variar este estava tão apinhado que mal consegui chegar até ao Destak pendurado numa bolsa atrás do primeiro banco de passageiros. Fiquei aí de pé, mesmo atrás do condutor. Aqui começa a minha história.
A paragem seguinte, é ali à beira do posto de gasolina ao lado da Junta de Massarelos. Como de costume, o ar renova-se e enquanto vários passageiros vão à sua vida, montes deles (muitos mais do que os que saem) juntam-se à tripulação do 93. Nisto, estava eu a deixar passar o people para a retaguarda, quando uma voz se eleva na multidão.
Passageiro: Já lhe mostrei o passe! Não o torno a fazer!
Condutor: Estou-lhe a dizer que não o vi por isso preciso que mo mostre outra vez.
Passageiro: Não lhe bou mostrar coisa nenhuma! Já o mostrei uma bez como toda a gente se não biu não tenho culpa!
Condutor: Mostre-me o passe se faxabor!
Passageiro: ‘Tá desconfiado é? Os outros só mostraram uma vez! Porque é que eu tenho de o mostrar duas?
Condutor: Já lhe disse que não vi! Mostre-me o passe! Não saio daqui enquanto não vir o seu passe.
Passageiro: Era só o que me faltava...
Condutor: Não arranco o carro enquanto não mo mostrar.

Ponto de situação: O motor do autocarro estava desligado. Entretanto levantara-se um burburinho entre os restantes passageiros (e olhem que eram muitos). “Ai que nunca mais saímos daqui!”, “Oh Sr. motorista deixe lá o passe do homem e leve-nos mas é para casa que temos mais que fazer à vida!” “Oh Sr. mostre lá o passe pa gente ir embora”. O condutor começa a deitar fumo pelas orelhas (juro que me pareceu pelo espelho retrovisor). O Sr. do passe começava a andar de um lado para outro meio orgulhoso, meio aflito, meio sem saber muito bem o que estava a fazer. Eu… caso se estejam a perguntar…estava precisamente entre o Sr. do passe e o condutor, sem saber se me irritava porque ia chegar atrasada, se entrava em pânico porque estava a ver que ia haver porrada, se me ria daquela palhaçada toda. Por esta altura reparo num jovem de olho azul ao lado do condutor que não conseguira passar da porta por causa da confusão e que do alto da sua sabedoria diz:

Jovem de olhos azuis: A autoridade aqui é o motorista. Tem de lhe mostrar o passe as vezes que ele quiser. Neste caso não tem razão...
Sr. do passe: Não mostro já disse! E vamos lá embora masé!
Sra calma atrás de mim: Oh senhor, a gente compreende mas tenha um bocadinho de consideração por nós que ele não arranca enquanto não lhe mostrar...
Sr. do passe: Olhe eu peço desculpa mas não é nada contra a Sra., a sério.
Outra passageira mas cos nervos em franja: Ah masé connosco é!!!! Que nós não saímos daqui por sua causa!!
Sr. do passe: Olhe eu tenho consideração por vocês mas por ele (a apontar para o motorista) não!!
Sra calma: Está bem. Então mostre lá o passe...

Finalmente o homem chega-se à beira do motorista e saca da carteira. Eu penso cá para mim que agora é que vão ser elas porque o senhor de certeza que não tem passe, devia ter-lhe mostrado o cartão de utente ou do BES, como é costume.
Não é que o raio do homem tem a porra do passe em dia e em condições!!! Não sei se fique extremamente desapontada ou aliviada... O condutor arranca finalmente a carripana e lá vamos nós à nossa vida. Mas para quem pensa que a história acabou desengane-se. Numa demonstração de orgulho da parvónia os dois indivíduos continuam a murmurar insultos, pequenas queixinhas, vá.

Sr. do passe: Isto é masé uma falta de respeito...
Condutor: Pensa que é quem?
Sr. do passe: Mas eu lá sou diferente dos outros? Mas ‘tou mal vestido, é?
Condutor: Parece que se acha diferente dos outros. Lamento mas à muita gente que anda aqui de graça...
Sr. do passe: Deve pensar que é muito Homem! Parece que tem o rei na barriga!
Condutor: Parece-me é que quer ir a pé!
Sr. do passe: Ai ir a pé! Experimente!
Condutor: Não me custa nada parar aqui o autocarro e pô-lo lá fora!
Sr. do passe: Veja lá se é capaz.
Condutor: Olhe que chamo a polícia e ponho-o lá fora! Não me custa nada!
Sr. do passe: Quer festa é... só pode!
Condutor: Olha, deve pensar que ‘tá a falar com a família dele!
O Sr. do passe tem um ataque esquizofrénico, passa-se dos carretos corre po lado do motorista, espeta-lhe o dedo na cara e “cospe-lhe” com ar mafioso: Você não fale da minha família ‘tá a ouvir! Você não sabe nada da minha família!
Condutor: NEM SE ATREVA A TOCAR-ME! QUE NEM LHE PASSE PELA CABEÇA!
Nisto, o jovem de olhos azuis acorda pá vida e gentilmente tira o homem da cara do motorista e uma senhora tenta acalmá-lo, a dizer que compreende a sua posição. Devo salientar que estava um silêncio brutal no interior do veículo. Mas foi no momento seguinte que temi pela minha vida. Como num show de testosterona os senhores continuam o chorrilho de disparates e insultos e o condutor encosta à berma uns metros antes da Blockbuster e pára o autocarro! Tá o caldo entornado de vez!
Condutor: Ora saia do autocarro, faxabor!
Sr. do passe: Ponha-me lá fora para ver se é Homem!
E pronto! O condutor desliga o motor. Afasta aquela barra preta das moedas do lado esquerdo, levanta-se e planta-se de braços cruzados à Rambo virado para nós. Era grande! E robusto com ar de quem fez a tropa toda. Para não variar a única coisa entre os dois era...eu! O meu sentido prático começou logo a pensar qual seria o hospital mais próximo...
Condutor: Ora venha-me bater!
E foi nesta altura em que uma senhora lá do fundo se põe entre os dois (ao meu lado, portanto) e virada po motorista diz em voz baixa: Agora está a perder a razão. Todas as pessoas que aqui estão sabem que o Sr. não teve culpa nenhuma nem fez nada de mal mas agora perdeu a razão. Por favor tenha calma.
Senti uma grande admiração por aquela senhora com ar cansado de quem trabalhou o dia todo, que teve sangre frio no descalabro duma situação tresloucada em que todos ficaram colados às cadeiras. Eu devo ter deixado de respirar. À minha esquerda o Sr. do passe espumava de raiva enquanto lhe seguravam o casaco para o imobilizar e à minha direita tinha o Rambo com ar de poucos amigos mais o jovem de olhos azuis colado à porta da frente. No bus, o silêncio imperava.
Finalmente o condutor pede desculpa, senta-se e leva o autocarro até à paragem seguinte. Silêncio descumunal.
O abrir das portas traz uns caloiros de química e duas senhoras que conversavam alegremente e num tom de voz próprio de quem vai entrar num autocarro apinhado de gente. “A Alcina nem faz ideia do que a espera ela que não ponha a pau que...” – o autocarro inteiro ouviu. Ao que as senhoras olharam em volta muito surpresas e baixaram o tom de voz embaraçadas “Carago! ‘Távamos mesmo a falar alto.” Com este refresco alguém se cola a mim. Olho para cima e vejo o jovem de olhos azuis que olhava o Sr do passe (que ainda resmungava baixinho, que a testosterona pelos vistos é coisa que nunca mais tem fim) num ar receoso. Notando que eu o olhava fitou-me e partimo-nos os dois a rir à gargalhadas feitos tolinhos. O que vale é que depois de tudo, ninguém notou.

A minha conclusão resume-se em duas frases:
Mas para que é que eu ando de metro enquanto posso assistir a estes espectáculos pela módica quantia de um bilhete de autocarro!
E confirma-se a minha teoria... os adultos, parecem putos!!

Telefonemas Castiços 1



A minha casa, em certos dias iguais a tantos outros, parece uma central telefónica. E não me refiro apenas a telemóveis, (embora seja justo dizer que existem mais telelés que pessoas em nosso lar), mas também ao belo do fixo. O raio da maquineta tem dias que não pára de tocar como quem diz num tom trocista: “trim trim, mais um telefonema estúpido para acabar com o teu sossego!” ou “trim, trim… já ias para o café estudar que aqui em casa está muito barulho”. É ridículo e irritante mas é verdade. Já não me chegavam as buzinas em hora de ponta e … pensando bem nas outras horas todas, agora também tenho de levar com a porcaria do telefone.
No entanto o que me levou a escrever isto foi o facto de às vezes (não muitas, mas algumas) o aparelhinho incomodativo me presentear com chamadas catitas. Esta é a história da primeira.

Há uns quantos domingos atrás, estava eu descansadinha a ler o Angels & Demons no sofá quando o toca o meu amigo. Com um suspiro fecho o livro e lá estendo a mão para pegar no auscultador.

Eu em voz de quem está a definhar: Estou?

Voz masculina entusiasta: Muito boa tarde! Daqui fala o Pedro Ribeiro das Manhãs da Comercial! Amanhã vou estar à conversa com Marco Horácio e (o nome dum gajo qualquer que não apanhei). Quero convidá-la para ouvir a nossa conversa! Marco Horácio e (o nome do mesmo gajo que tornei a não apanhar), decore estes nomes! Amanhã vão estar comigo nas manhãs da Rádio Comercial. Está convidada, ok?

Eu após uns momentos de choque: ok…

Voz masculina, que não tinha nada a ver com a do Pedro Ribeiro: Então muito boa tarde de Domingo e até amanhã!

Fiquei uns segundos sentada no sofá com ar de parva até me partir a rir, o que continuou a ser parvo.

No dia seguinte liguei ao meu irmão e contei-lhe o sucedido.
Eu: … e foi isto.
Tiago: E atão? E hoje?
Eu: Hoje acordei era meio-dia e o meu rádio ‘tá sempre sintonizado na RFM.

FIM.

* Para as interssadas(os) o senhor da fotografia é o Gedeon Burkhard, mais conhecido como o "gajo do Rex".