Sunday, January 28, 2007

Cadáver adiado… ou antecipado?

Fernando pessoa disse um dia que todos nós somos cadáveres adiados. Em verdade não há nada mais certo na vida que o seu fim, pois a morte é algo tão natural como o nascimento ou, pelo menos, assim deveria ser.
A pena de morte é uma sentença, aplicada pelo tribunal, que consiste em retirar legalmente a vida a uma pessoa julgada culpada de ter cometido um crime considerado, pelo Estado, como suficientemente grave e justo de ser punido com a morte. O que nos torna, então, tão importantes e sábios que nos permite decidir quem merece morrer antes da sua hora? O que torna o carrasco diferente do criminoso? Nada.
Na minha opinião, o primeiro e mais importante entrave à pena de morte está subjacente na própria definição. Enquanto existir a pena de morte existe a possibiliadde de executar um inocente. Desde 1973, nos EUA, 123 prisioneiros no corredor da morte foram libertados após provada a sua inocência. Lei e justiça são coisas diferentes e a última é falível, mais vezes do que as que imaginamos. Pura e simplesmente não temos o direito de retirar uma vida, seja em qual parte do mundo for. É crime. Mas isso faz-se? Faz-se.
Não sei se alguma vez conseguirei discordar de quem afirma que, para os faniliares daqueles que morreram à mercê dos assassinos, a única forma de justiça satifatória é a morte deste últimos, ams também sei que isto não traz as vítimas de volta, nem tão pouco compensa aquela perda. Acredito na prisão perpétua e numa vida inteira a ver o sol nascer aos quadrados, enquanto se olha, constantemente, por cima do ombro.
Os direitos humanos são para todos, inocentes ou culpados e a pena de morte é a sentença mais cruel, desumana e degradante que se pode aplicar.
Napoleão justificou as suas execuções dizendo que para não se punir muitas vezes, pune-se severamente. Embora por outras palavras, quem hoje defende esta violação dos direitos humanos – que é a pena de morte – usa o mesmo argumento. Desengane-se quem pensa que a prática desta sentença reduz a criminalidade mais eficazmente que os outros tipos de punição. Não há nada que comprove isso. Nada. Mais ainda, o índice de criminalidade nos EUA (onde a pena de morte é practicada em 38 dos seus 50 Estados) é dos mais altos do mundo.
Portanto, nada nos torna tão importantes ou sábios que possamos decidir quem deve pagar o quê com a vida. Como é possível que na China, por exemplo, a pena de morte seja aplicada para mais de 68 ofensas criminais diferentes? Como é que se justifica esta banalização da vida?
Afinal Pessoa estava errado. Não somos todos cadáveres adiados, alguns de nós são cadáveres antecipados.

Thursday, January 25, 2007

Casino Royale

Fui ver. Gostei. Gostei muito. Craig, Daniel Craig, muito bom. MUITO BOM MESMO. O filme, possivelmente o melhor que eu vi do 007.
Amanha há teste de informática e eu tou a treinar as frases curtas mas com muito conteúdo. Dizem-me que os engenheiros são pessoas que não gostam de muito parlapiê e o meu professor é engenheiro.
Deixo-vos ficar o tema principal do 007, Casino Royale. Não é que funcione extraordinariamente bem no filme mas ouve-se que é uma beleza... muitas e muitas vezes...

Tuesday, January 23, 2007

11 de Fevereiro

Têm-me perguntado qual a minha posição em relação ao referendo e os argumentos que a justificam...

O Direito a Ser

Queremos mesmo tornar legal o acto de despachar um filho? Ao fim e ao cabo é este o tema que emerge na sociedade actual e do qual se fala com tanto fervor e à-vontade. O referendo sobre o aborto, ou sobre a interrupção voluntária da gravidez, como alguns lhe preferem chamar, baseia-se na legalização de uma acção que põe fim a uma vida. Será isto discutível? Com certeza.
Até às dez semanas de gestação, o ovotem o nome de embrião, a partir daí recebe a denominação de feto. Devido à imaturidade dos órgãos recém-formados do embrião, há quem não lhe reconheça vida. A ciência ainda não evoluiu o suficiente para que esta opinião passe a facto científico. Para já, não passa disso, de uma opinião. Eu acredito que a partir do ovo existe vida, esta é a minha opinião. O que não está aberto a discussão é o facto de cada embrião ser irrepetível. Isso é um facto.
Com tanta polémica surge a questão dos direitos. Ouço falar no direito que as crianças têm de ser amadas e pergunto-me se, antes disso, elas não têm o direito à vida. Será justo abortar com a desculpa de que mais vale não vir ao mundo do que nascer para ser maltratada ou abandonada num caixote do lixo? Que raio de justificação ignora completamente as opções de adopção ou apenas o simples facto de que ninguém sabe com certeza o que o futuro lhe reserva? Quando há tantos casais inférteis e tantas pessoas dispostas a adoptar crianças, custa-me a entender a lógica que leva um país a investir no aborto em vez de investir na adopção ou até nos serviços de saúde materna. O que me leva a abordar o direito à escolha. A mulher tem o direito de escolher se quer ou não ser mãe. Concordo. Assim como o homem tem o direito de escolher se quer ou não ser pai. Mas esse direito existe antes de engravidar. Eles têm o direito ao esclarecimento e ao planeamento familiar. O direito aos contraceptivos e à informação completa e detalhada sobre os mesmos. Aqui reside o direito de escolha.
O aborto, mesmo o espontâneo, acarreta graves sequelas. A lista de consequências resultantes do aborto é vasta. Não acredito que a despenalização da IVG traga vantagens ou que mude alguns dos pontos mencionados para melhor, muito pelo contrário.
È preciso fazer mais e melhor, o que exige esforço e criatividade para chegar até que se está nas tintas porque existe sempre a opção de abortar.



"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

NÃO.

Tuesday, January 16, 2007

Deram-me Cabo dos Globos

Sim, continuo em hibernação para exames, mas a modos que ontem o AXN ia dar em directo a gala dos globos de ouro e eu... eu queria ver. E vi. Interrompi a hibernação, sai da gruta, e pus-me em frente à televisão à meia noite e meia, pronta para ver a gala. E nisto aparece-me no ecrã uma jovem muito sorridente com um calhamaço de apontamentos no colo a anunciar que está muito entusiasmada com a gala dos globos de ouro e mais umas tretas, sempre com o mesmo sorriso de orelha a orelha, enquanto auto-corrigia constantemente palavras que tinha dito bem. Atrás dela está um plasma onde onde se vêem desfilar as estrelas de cinema na carpete vermelha à entrada do Hotel Beverly Hilton.
Pensei cá para mim: “Oh cum catano! Atão num queres ver que não me vão deixar ver isto em paz e que vou ter de ouvir esta a gaja a traduzir aquilo que eu já percebi e a falar por cima dos tipos do cinema?”
É então que me aparece Dario Oliveira – especialista em cinema. (Como eles o identificaram em rodapé) Antes de mais nada, está correcto, o nome dele é Dario e não Dário. Não sabia que alguém se podia chamar Dario. Acho que era mais feliz quando não possuia essa informação. Em segundo lugar, a gala durou cerca de 4 horas. Sabeis o que é estar 4 horas a ouvir alguém dizer: “Sabes, Dario..”; “Olha, Dario...”; “Diz-me Dario...”? Sabeis, Sabeis? Mas a minha queixa nem é esta que o senhor não tem culpa de se chamar Dario... Peço desculpa por ter gozado com o seu nome, Dario.
Aquela menina, a apresentadora Liliana Neves - que me diz o Wikipédia ser jornalista e apresentar o Hollywood Boulevard no AXN – pôs-me os nervos em franja durante quatro horas e talvez por isso eu me tenha mantido acordada até ao final da coisa. Eu explico, queria mesmo ver aquilo. Estou à espera daquilo desde o ano passado... a data estava marcada na minha agenda!( Sim, mano, estou a dar uso à agenda que me desteis). Por isso resisti, e porque os discursos tiveram piada e porque estava ansiosa para saber se finalmente entregavam o globo ao Scorsese e porque...
Mas para isso tive de ouvir a menina, jornalista cor-de rosa, a falar com um especialista em cinema não de cinema, isso eu tolerava, mas de moda!!! Sou só eu ou isto não faz sentido nenhum? “Dario, nós há pouco vimos a Annete Benning e ela está de branco. Eu estou agora a lembrar-me dela há dois anos atrás com um vestido preto.. O que é que tu achas?” O que é que tu achas?? Eu não inventei isto. É uma citação, juro. É que fica gravado no tímpano. Também não ouvi Tom Hanks a apresentar o globo de carreira ao Warren Beatty porque eles estavam a falar por cima dele discutindo o que seria a ementa do jantar das celebridades e se elas comiam ou não. Como diria Meredith Grey: “Seriously!? Seriously?!”
Preferia ter estado a ver o Brad Pitt e o Jack Nicholson a comer nos intervalos do que a ouvir aqueles dois. Quer dizer, o Dario nem falou muito que ela não deixava, o que ela queria era fazer as perguntas todas do canhenho e saber “curiosidades” sobre as celebridades. Fiquei a saber por exemplo que Cameron Diaz já não está com Timberlake. Que Beyoncé não tem 25 anos mas 32. Que Clint Eastwood não diz “Action!”, diz “Ok”.Entre outras coisas que o sono, graças ao Nosso Senhor, levou.
Francamente AXN! Tanto bom jornalista paí...
O que vale é que eu devo ter sido a única pessoa a ver aquilo.