Wednesday, January 05, 2011

ET Go Home!

Juro que fico com pele de galinha quando ando por esses sites fora à procura de emprego.
Não é a depressão do não ter emprego e do antever um futuro mais negro que a peste.
A desmoralização não ajuda, só atrapalha e já me deixei disso (até ver, pelo menos).

É o facto de sites como o Carga de Trabalhos deixarem alienígenas publicar anúncios nas páginas deles.
É que algumas ofertas de emprego são escritas por pessoas que não são de cá, meus amigos. Garanto-vos!
E eu sou toda a favor da igualdade de direitos mas traço a linha imaginária do meu limite a extra-terrestres.
Peço desculpa mas vocês voltem lá para o vosso planeta que aqui já há gente suficiente.

Mas eles continuam a redigir propostas de emprego e propostas de estágio e ninguém diz nada.
Está tudo bem.
Deixam o ET telefonar para casa, pagam a conta à PT e ainda agradecem porque ele é fofinho.

Estou fartinha de empresas que têm uma vaga mas na realidade precisam do trabalho de uma equipa.
Então pedem uma pessoa que domine todos os softwares inventados pelo homem (e alguns até devem ter sido inventados para lá do Cinturão de Orion porque eu nunca sequer ouvi falar neles.)

Para além disso, esse domínio dos softwares (que não pode passar apenas por um conhecimento básico) tem de ser comprovado por anos de experiência.

Estou pelos cabelos de empresas que pedem pessoas com experiência só porque sim.
O trabalho pode perfeitamente ser feito por um recém-licenciado, mas eles querem experiência.
Expliquem-me como é que os recém-licenciados vão ganhar experiência se as ofertas exigem, no mínimo, 3 anos de experiência.
Ai já sei. Metam-se em estágios curriculares.
Que desses há muitos e gente a trabalhar de graça é o que se quer.
É bom para o CV e dá-vos estaleca!
Mas sabem o que não dá? Dinheiro.
Pois é, e nos dias que correm ganhar uns trocos dava um jeitaço do caraças.
Porque trabalhar de graça começa a mexer com os nossos nervos.

Mas o que me tira do sério é estes alienígenas acharem que uma oferta de emprego deve estar carregadinha de originalidade e humor.
Agora encontrei este:

“Muita criatividade, espírito de equipa, que saiba pensar e faça os outros pensar e que tenha um despertador que toque a horas.
Alguém com bons conhecimentos de Inglês falado e escrito, boa relação com a língua materna (nada de traições), bons conhecimentos de informática, espírito de iniciativa e capacidade de aprendizagem, e ainda, uma licenciatura na área porque ninguém nasce ensinado.
Funções:
-Escrita criativa e editorial;
-Apoio ao desenvolvimento de conceitos e estratégias de comunicação;
-Revisão de conteúdos.
Junta o teu portfolio e os teus dados pessoais e envia para o email indicado.
Tipo: full-time / estágio 3 meses / subsídio de alimentação e transporte.”

Sim, é um estágio curricular para alguém que já se licenciou (ou seja, que já fez um estágio curricular e agora precisa é de ganhar dinheiro).
E não precisa ser pontual, tem é de ter um despertador que toque a horas.
Amigos! Uma proposta de emprego tem de conter toda a informação necessária de forma simples, directa e clara.

Se um tipo anda à procura de emprego, o mais provável é não estar com grande paciência para piadas parvas e chavões, sim?
Agradeço o esforço e as boas intenções mas… não façam mais, está bem?

E pelo amor da santa, tentem contratar uma pessoa para um cargo só e não para fazer o trabalho de 5, ok?
Os designers não são programadores, os engenheiros não são designers, os assessores não levam os diversos veículos da empresa ao mecânico, os médicos não são jornalistas e as pessoas não vivem de ar e vento.

Amanhã, se quiserem, ensino-vos mais diferenças entre profissões, que tal? Parece-vos bem?

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